A partir da Reforma protestante, a preocupação que dominou, por séculos, o cenário da Igreja católica, foi a defesa das verdades da fé.

Atitudes de defesa, porém, trazem consigo o fechamento e o envelhecimento. Pela sua longa experiência pastoral e profunda sensibilidade humana, João XXIII sentiu a necessidade de abrir as janelas da Igreja, para que novos ares pudessem penetrar nela e renová-la a partir de dentro. Tornar a Igreja apta para dialogar e evangelizar o mundo contemporâneo foi o principal objetivo do Concílio Vaticano II.

Olhando para a história, impossível seria não reconhecer as mudanças profundas trazidas pelo Concílio e a conseqüente renovação da Igreja. Em muitos aspectos pode-se falar que o Concílio provocou uma revolução copernicana no modo da Igreja ver a si mesma e no seu modo de relacionar-se como mundo.

Mas, justamente porque a história da humanidade é feita de avanços e retrocessos, de teses e antíteses, vale a pena nos perguntarmos onde estamos hoje, há 50 anos desse evento, que como um divisor de águas marcou a história da Igreja contemporânea. Muitas mudanças se consolidaram com o tempo outras, porém, parecem não ter tido a mesma sorte.

Aqui se colocam os objetivos deste simpósio. Queremos revisitar o Concílio para respirarmos novamente aquele ar de entusiasmo e esperança que soprou sobre a Igreja há 50 anos atrás. Desejamos nos confrontar com ele e deixar a ele a palavra, para que renove hoje a Igreja com a mesma força que o fez há 50 anos atrás. As conferências nos apresentarão em seus traços fundamentais as quatro grandes constituições. As comunicações, por sua vez, chamarão nossa atenção para alguns temas transversais. Uma abordagem de síntese nos ajudará a conhecer a história e ao mesmo tempo transpor os limites do tempo presente, tecendo projeções para o futuro.

É com imenso prazer que desejo a todos um ótimo Simpósio.

Dr. André Marmilicz