O fim de ano se aproxima e com ele mais uma etapa vencida em nossa vida. Um ano difícil e carregado por tantos desgastes políticos, desemprego, corrupção, mortes, por outro lado, por tantas lutas, sede de acertos e desejo de superação. Tanta coisa vai ficando para trás como lembrança de um passado que deixou tantas marcas positivas e tantas outras negativas. O importante é que chegamos ao seu final, e poderemos brindar, na virada do ano, as coisas boas e nem tão boas que ficaram pelo meio do caminho. A vida é assim mesmo, pois nem tudo acontece do jeito que nós desejamos e esperamos.

Na corrida de São Silvestre ou então na maratona, todos correm, mas um só é o vencedor. Na verdade, o importante não é vencer, mas é competir e chegar ao final. A verdadeira corrida é aquela na qual os corredores chegam até a bandeirada final, não importando o lugar que chegaram. Vimos tantas cenas maravilhosas de corredores na maratona que conseguiram atravessar a linha de chegada, plenamente exaustos, mas a grande conquista foi terem chegado e não desistido no meio do caminho. Assim também na corrida São Silvestre onde milhares de corredores, a maioria desconhecidos, decidem competir tendo como único objetivo chegar até o final, não importando em absoluto o lugar na chegada.

Assim como na prova de São Silvestre e na maratona, a vida é uma verdadeira corrida, onde todos nós lutamos não para sermos os primeiros, mas para vencermos os obstáculos diários. Quantas surpresas negativas ao longo desse ano, quantos desafios enfrentados, quantas barreiras superadas, e é exatamente isso que nós queremos comemorar neste final de ano. Não lutamos para sermos os primeiros, mas para darmos conta todos os dias de tantos compromissos, de tantas exigências familiares, comunitárias e em nossos trabalhos. Na medida em que transpomos tantas situações conflituosas, nos sentimos vencedores, nos animamos e sentimos que somos capazes de enfrentar outras situações similares que surgirem ao longo do caminho.

Na estrada da vida, assim como um corredor ou um maratonista, almejamos o ponto final. A grande vitória está em ultrapassar a linha da chegada, desgastado, exausto, quase sem energias, mas plenamente realizado porque valeu o esforço. Com certeza, ao longo do trajeto passaram filmes pela cabeça, inclusive teve momentos que o desejo era parar e abandonar a prova. No entanto, a determinação e a garra fizeram com que continuasse mesmo que fatigado, cansado, mas com um único objetivo em mente: chegar até o final.

Assim é a nossa vida cotidiana, com suas lutas, dificuldades, momentos difíceis e exigentes. Tem vezes que tendemos a sucumbir, a abandonar o barco, a largar tudo, mas de repente tiramos forças não sabemos de onde e prosseguimos sempre em frente. O importante não é ser o primeiro, mas não desanimar, não desistir, mas renovar diariamente o desejo de continuar, tendo como meta, cruzar a linha de chegada.

São Paulo, no final de sua vida, nos dá um exemplo de vencedor quando nos diz: combati o bom combate; venci a batalha; mereço a coroa da glória. Ele pode falar assim, pois teve uma vida muito complicada, feita de tantas prisões, perseguições, surras, mas permaneceu fiel até o fim. A seu exemplo, continuemos firmes na corrida diária, e assim como os maratonistas continuemos firmes até o fim, não importando a ordem da chegada.

 

Padre André Marmilicz

Reitor da Faculdade Vicentina