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Nos últimos tempos ouvimos muito falar em um novo Missal. A pergunta que mais nos faziam era: quando ficará pronto o novo Missal? Haverá muitas mudanças na tradução do novo Missal? Essas e outras perguntas circulavam entre as equipes de liturgia e eventos desta Comissão. Por isso, com esse pequeno texto queremos responder a estas e outras perguntas pertinentes ao Missal Romano.

A primeira coisa que precisa ficar clara é com relação a expressão. Ouvimos falar em “novo Missal”, mas é necessário fazer um breve resgate histórico para entender melhor esse significado. Em 1570 temos a promulgação do Missal Romano, usualmente chamado de Missal de Pio V. Este foi emitido como resultado do Concílio de Trento (1545-1563), com o intuito de revisar a liturgia, eliminar os abusos litúrgicos existentes e padronizar a forma da Igreja celebrar. Caminhamos 400 anos até chegarmos no Concílio Vaticano II (1962-1965) quando, mais uma vez, procurou-se revisar a liturgia e promover a participação do Povo de Deus. Houve, portanto, a promulgação de um novo Missal em 1970, que passou por revisão e foi lançado a 2ª edição típica em 1975. O Papa João Paulo II, em 2002, solicitou que todas as conferências episcopais realizassem nova revisão, litúrgica, linguística e teológica. 

Assim, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em conjunto com a Comissão Episcopal para a Liturgia (CETEL) iniciou as tarefas. Foi um longo processo realizado pela CETEL e  pelos vários especialistas que contribuíram com esse processo, sempre acompanhados pela CNBB. É importante reforçar que nosso país é muito vasto e multicultural, o que tornou o trabalho ainda mais minucioso, pois uma expressão na região sul do país tem significado diferente da região norte, por exemplo. Em 2008 novas orientações chegaram, enviadas pela Congregação do Culto Divino. Estas orientações foram incrementadas no estudo, bem como as orientações encaminhadas pelo Papa Francisco. 

Então, quer dizer que a missa mudou? Não. O que mudou então? Dentro do Ciclo Cristológico, temos novos elementos, tais como: ciclo do Natal e Páscoa ganham formulários próprios para cada dia da semana. Na Epifania do Senhor encontraremos uma vigília própria. No tempo quaresmal, desde a Quarta-feira de Cinzas até a quarta-feira da Semana Santa, teremos oração sobre o povo (quase todas tiradas do Missal de Pio V). Há uma adequação no 2º Domingo da Páscoa, acrescentando o título da Divina Misericórdia. E a Solenidade de Pentecostes terá mais uma missa da vigília. Foram acrescentados 12 novos prefácios, entre eles: Ascensão do Senhor, Sacramento do Matrimônio, Doutores da Igreja, entre outros. Foi realizado a inserção de São José nas Orações Eucarísticas 2, 3 e 4, conforme solicitado pelo Papa Francisco e, antes de cada Oração Eucarística foi acrescentado o Diálogo inicial do Prefácio, para que os sacerdotes concelebrantes aproximam-se do altar, pois neste momento iniciamos uma oração que é exclusivamente sacerdotal. 

Você pode perguntar: mas, e os novos santos canonizados? Dentro do Ciclo Eclesiológico, tomou-se o cuidado de incluir os novos Santos, inclusive os  santos brasileiros e que tem grande notoriedade entre o povo. Foram incluídos os santos papas canonizados nas últimas décadas e um destaque para a nova nomenclatura adotada para Nossa Senhora, que passa a ser invocada pelo título de Bem-aventurada Virgem Maria.  

Muitos podem questionar a validade da tradução e sua aplicabilidade. Perceba que a Igreja, em sua divina sabedoria, não faz nada de maneira impositiva, mas consultiva. Foi um longo percurso percorrido, passando por muitos peritos até chegar ao Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, que aprovou a 3ª edição típica do Missal Romano, depois de uma minuciosa análise.

Quais são os próximos passos? Agora, cada comunidade deve adquirir a nova edição do Missal Romano. Apesar de termos uma data oficial para o início da utilização do Missal, 1º Domingo do Advento, conforme as comunidades forem recebendo a nova edição o sacerdote pode usá-lo para rezar a Santa Missa. 

Reforço que o Missal não é o livro das normas litúrgicas, mas é o livro que nos conecta com o Coração do Senhor, por meio das orações que nele encontramos. Por isso, devemos viver a espiritualidade que emana deste livro litúrgico. Que, por intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria da Luz dos Pinhais, o Bom Deus permita encontrarmo-nos com Ele nas celebrações, sendo assim, verdadeiros anunciadores do Seu Evangelho.

 

Diác. Cleverson Martins Teixeira
Coordenador da Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Curitiba